Uma manhã no Inferno

Imaginem-se a chegar à praia de manhã, num dia de muito calor, e depararem-se com um areal cheio de… crianças. È verdade, crianças a berrar por todos os lados, a atirarem areia uns aos outros e com os monitores, os chamados adultos, a esforçarem-se por gritar ainda mais alto e a dizerem coisas tais como: “ Ò Bernardo, pare lá com isso, você não tem consciência da força que tem”, ou “ vamos todos fazer uma fila para irmos à água” ou ainda “ preparem os copos que vamos servir o sumo”. Aquilo parecia o Inferno e não era por causa do calor.
Portanto eu vi-me, de um momento para o outro, cercado por crianças a guinchar. Isto é profundamente assustador e perturbador, meus amigos. E eu até diria mais, chega a ser mais perturbador do que um autocarro da Rodoviária ás 7:15 da matina e olhem que eu não digo isto muitas vezes. E só para terem uma ideia de como é um autocarro da Rodoviária ás 7:15 da matina, digo-vos que houve gente que se casou com menos contacto físico…
Enquanto eu tentava apanhar um pouco de sol e não apanhar com areia em cima, lembrei-me que talvez estivesse a ser castigado por uma saga que eu inventara à muitos anos atrás. Uma das melhores sagas alguma vez engendradas por um ser humano e por mim também, já agora. O Todo Poderoso decidiu castigar-me por ter espetado com uma sopa verde de espinafres numa casinha de porcelana que havia na mesa da cozinha. O meu plano era dizer que tinha comido a sopa toda e depois, mais tarde, voltar ao local do crime e lavar a tal casinha sem deixar qualquer vestígio de matéria verde. Teria tudo corrido bem se a minha mãe não tivesse descoberto a tramóia. Enfim… amadores.
E eu revivi esse momento antes de levar com mais uma camada de areia em cima. A coisa teve agreste esta manhã, teve mesmo…

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